Descomplicando a Vaginose Bacteriana
E aí? O que que é uma vaginose bacteriana? Já ouviram falar?
Vaginose é, por definição, uma alteração na microbiota vaginal com perda de lactobacillos (bactérias de defesa) e predomínio de outras bactérias, como a Gardnerella, Mobincullus, entre outras.
É, de longe, o corrimento patológico mais comum das mulheres.
A vaginose bacteriana causa um corrimento fétido, de peixe podre. Esse cheirinho fica mais forte após a relação sexual e com a menstruação (devido a mudança do pH natural da vagina).
Portanto, já que a vaginose bacteriana altera a microbiota vaginal e diminui nossa defesa, aumenta-se o risco de infecções secundárias, como por exemplo, as doenças sexualmente transmissíveis. Na gestação pode elevar risco de romper a bolsa e de causar infecções dentro do útero.
O diagnóstico é fácil e feito através de exame físico.
O tratamento é realizado apenas nas mulheres que apresentem sintomas (exceto nas gestantes, que tratamos sempre). Ou seja, seu médico te examinou e nem ele nem você perceberam corrimento diferente, e no resultado de preventivo vem escrito: Flora vaginal mista, ou Gardnerella vaginalis, ou presença de mobincullus… NÃO PRECISA TRATAR! Normalmente são variações temporárias e o corpo mesmo costuma resolver sozinho.
“Mas eu estava com um corrimento bem fedido, minha médica disse que era vaginose bacteriana. Eu fiz o tratamento direitinho, mas depois de um tempo tudo voltou. O que eu faço?”
Infelizmente a recorrência é normal.
De 15% a 30% das mulheres sintomáticas que fizeram tratamento, terão recorrência em 30-90 dias e 70% em 9 meses (uau!!!). Mas porque isso acontece? Inúmeras causas: tratamento inadequado, atividade sexual frequente sem preservativo, uso de duchas vaginais, utilização de DIU, resposta imunológica ruim e resistência bacteriana (por isso não se deve ficar usando pomada sem indicação precisa, pois pode aumentar a resistência bacteriana).
Descomplicamos?
Referências: (1) Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para atenção integral às pessoas com infecções sexualmente transmissíveis (IST). Ministério da Saúde, 2019. (2) Imagem: https://www.dreamstime.com/microscopic-diagnosis-bacterial-vaginosis-vaginal-secretions-contain-epithelial-cells-called-clue-cells-covered-image103490472