Descomplicando a Sinéquia Uterina e Síndrome de Asherman
“Descomplicando a Sinéquia Uterina e Síndrome de Asherman”. Nossa! Que nomes esquisitos né? Então, o que seria isso?
A Sinéquia nada mais é do que uma fibrose ou cicatriz por dentro do útero, a cavidade endometrial.
Essas cicatrizes, que chamamos também de aderências, podem acontecer após procedimentos cirúrgicos ou também decorrente de processos inflamatórios.
Quando essas aderências causam sintomas chamamos de Síndrome de Asherman.
A gravidade desse problema é bem variável. Assim, depende da quantidade de cicatrizes que foram formadas.
As cicatrizes geralmente surgem nas primeiras quatro semanas no após o parto (tanto faz se foi parto normal ou cesárea) ou abortamento. Isso ocorre pois nesse período a camada basal do endométrio fica mais sensível, suscetível à danos (endométrio, como você já sabe, é a camada de dentro do útero).
Então procedimentos e complicações ligadas à gestação são o principal fator de risco para formação de sinéquias. Como por exemplo curetagem uterina, principalmente curetagens repetidas e suturas compressivas (B Lynch) e infecções.
Em segundo lugar vêm as infecções. Algumas DSTs que causam endometrite (infecção do endométrio), aborto infectado e até tuberculose pélvica (esta causa aderências bem graves!).
No entanto, alguns procedimentos cirúrgicos feitos no útero quando a mulher não está grávida também podem causar sinéquias. Um estudo encontrou 65% dos casos de sinéquia secundárias à gestação contra 12% em procedimentos cirúrgicos diversos.
Os sintomas, ou Síndrome de Asherman, geralmente estão relacionados à alteração no padrão menstrual.
Cerca de 90-99% dos casos ocorrem em mulheres que realizaram procedimentos secundários à gravidez. O mais comum dos sintomas é cessar ou diminuir o fluxo menstrual. Entretanto, também pode acontecer cólica menstrual e abortamentos de repetição, pela destruição da camada dentro do útero. Além disso, a infertilidade também pode ser um sintoma. Ela pode acontecer por bloqueio do esperma (o espermatozóide não consegue chegar ao óvulo pois a cicatriz faz uma “parede” no meio do caminho) ou por destruição do endométrio, o que impede a implantação do embrião.
Podemos suspeitar da doença com esses sintomas, porém a ecografia e histerossalpingografia podem ajudar a sugerir o diagnóstico. O diagnóstico definitivo e tratamento são realizados por histeroscopia (uma endoscopia dentro do útero, leia mais sobre esse procedimento aqui). Porém em casos muito graves pode não ser possível resolver o problema.